segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um olhar sobre a Praça da Alfândega

Praça da Alefândega nos anos 40
Fonte: Blog Porto Imagem


Passos apressados. Andar ritmado pelo tic tac do relógio, que parece andar mais rápido que o normal nesta parte da cidade. No rosto a expressão se repete: cara sisuda, fechada, preocupada. O centro da cidade poderia ser um local mais calmo? Por natureza não. Pois, a grande concentração de pessoas, não o permite.

Em Porto Alegre, o centro histórico é cercado de prédios que abrigam arte. Em frente a esses prédios está a Praça da Alfândega, que no momento passa por uma reforma, onde uma grande reconstituição está sendo feita com base no desenho original da praça dos anos 40. Um tapume foi erguido em volta do espaço público urbano, atrapalhando os transeuntes, impedindo os senhores de passar o tempo jogando xadrez ou alimentando as pombas. Os vendedores ambulantes, com suas bancas cheias de mercadorias, também estão do lado de fora. E ainda, outro tipo de comércio, está impossibilitado de desfrutar de seu costumeiro local de trabalho, trata-se da profissão mais antiga do mundo, hoje renomeada como Profissionais do Sexo, ou apenas PS.

A ausência de um espaço como esse, que proporciona a convivência ou recreação para seus usuários, faz falta e gera incômodo. Uma solução para sanar a momentânea perda foi colocar bancos no entorno da praça, rente ao tapume. O que não foi bem uma solução e sim um quebra galho.

O dia a dia do centro de Porto Alegre está diferente. As mudanças no caminho, no local de trabalho e lazer provocam um deslocamento que incomoda. A estética também está comprometida. As formas elegantes do quadrilátero central histórico de Porto Alegre estão em reforma. Mudança normalmente é bom. No começo é complicado, bagunçado e feio. O processo é lento até o gran finale, que promete um espetáculo. Sonhemos: caminho livre para transitar, palmeiras imperiais, bancos suntuosos, limpeza impecável, segurança 24 horas, jardins dignos de castelos europeus.

Jornalismo além do interesse público

Amar o que se faz é ingrediente fundamental para o sucesso. É evidente que esse componente Tim Lopes colocava nas suas receitas, que rendiam grandes bolos, onde cada pedaço era recheado de informações. No seu livro de receitas deixado para o jornalismo, muito ainda tem que se experimentar. Precisa-se entender como fazer, que forma usar e que temperatura assar.

O caso Tim Lopes é certamente o mais polêmico do jornalismo investigativo brasileiro. No Brasil, essa especialidade começou a existir nos anos 70, com a Ditadura Militar. Porém, foi com a morte do jornalista da Rede Globo que uma grande discussão surgiu no país.

O código de ética do jornalismo não trata de maneira, exatamente, clara o assunto, uma vez que diz que o interesse público é o que defini a utilização de métodos diferenciados na captura de informações. Pois bem, o que é interesse público. Um interesse do todo, das partes, da sociedade. O limite para o jornalismo investigativo vem do chamado interesse público, o que deixa muitas dúvidas. Vamos reformular a pergunta, o que não é interesse público?

A brutalidade do assassinato do jornalista chocou o Brasil e até hoje levanta vários questionamentos envolvendo a ética, liberdade de expressão, o uso de aparatos eletrônicos, segurança que a empresa fornece, pressão de trabalho e função social. Até que ponto uma reportagem é importante, que chega a valer mais que a vida? Acho que além do código de ética, o profissional deve respeitar os seus limites. Apurar os fatos, levantar informações, ficar atento ao que está acontecendo ao seu redor, ter paciência e fontes confiáveis é fundamental para o exercício da função. Nesse caso, mais importante do que ter fontes confiáveis é passar segurança para sua fonte. Uma conquista quase que diária, na busca por informações.

**Material produzido para a disciplina de Jornalismo Investigativo.

domingo, 18 de abril de 2010

MARGS homenageia Pedro Weingärtner



Texto: Manu Rysdyk

Fotos: divulgação MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) apresenta, até 13 de junho, a exposição Pedro Weingärtner -1853 a 1929. A primeira grande retrospectiva do pintor gaúcho, 'Um artista entre o Velho e o Novo Mundo', chega a Porto Alegre com 120 obras oriundas de acervos de museus brasileiros e colecionadoresres, depois de passar pela Pinacoteca do Estado de São Paulo. Esta é uma oportunidade imperdível para apreciar a arte de um dos maiores pintores do século 19.

A curadora da exposição Ruth Sprung Tarasantchi realizou uma grande pesquisa sobre o pintor gaúcho. Ela percorreu e documentou e os lugares que Pedro Weingärtner esteve e morou. Junto com a exposição foi lançado um catálogo com o resultado dessa pesquisa. Para ela, a mostra é uma grande oportunidade de resgate histórico, já que Weingartner era um pintor realista e usava como inspiração cenas que viu e viveu. E ressalta: "O gaúcho tem que ver a exposição para conhecer mais a sua história".

Além disso, Ruth destaca alguns aspectos da pintura de Weingartner. "As obras dele sempre contam alguma coisa", e aponta para o quadro 'Chegou tarde'. A tela mostra um caixeiro viajante vendendo seus objetos a uma moça, dentro de um estabelecimento, quando chega outro caixeiro e leva um susto ao vê-lo, assim o nome da obra se justifica. Ela explica também que alguns elementos se repetem em várias telas.

A exposição está dividida em três grupos e ocupa as Pinacotecas do Museu. As obras produzidas durante o período em que o pintor viveu na Europa retratam a juventude romana e cenas campestres européias. O cenário gaúcho mostra o homem em contato com a terra, com os animais e no comércio. As cenas de festas e bailes mostram as confraternizações realizadas, principalmente, entre os imigrantes alemães.

O diretor Cézar Prestes está entusiasmado com a possibilidade de proporcionar o acesso do público às obras dos notáveis artistas plásticos do Sul e um dos mais importantes do Brasil em seu tempo. "Cerca de 60% da mostra é composta de obras inéditas para o público gaúcho".

As telas vieram de vários lugares do país. Pertencem a colecionadores particulares e a acervos de instituições, entre elas a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu Nacional de Belas Artes/RJ, Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Pinacoteca APLUB de Arte Rio-grandense.

Da capital dos gaúchos,a mostra segue para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.



Um artista entre o Velho e o Novo Mundo

Pintor gaúcho nascido em Porto Alegre, em 1853, Pedro Weingärtner era descendente de imigrantes alemães e passou grande parte da sua vida entre o Velho e o Novo Mundo, realizando uma obra admirável. Morou na Alemanha, nas cidades de Berlim, Munique e Hamburgo e, depois, se mudou para Paris, onde foi aluno de importantes mestres acadêmicos da época.

Na Itália, viveu em Roma durante muito tempo e foi lá que produziu grande parte da sua obra. Estudou como bolsista do governo brasileiro, concluiu os estudos e consolidou sua formação clássico-romântica, claramente expressa em sua pintura.

Weingärtner é considerado um dos pintores mais representativos do Rio Grande do Sul, no final do século 19. Alguns de seus quadros possuem grande valor documental, porque representam paisagens e costumes regionais.

As telas contam uma história

Segundo Ruth cada vez que se olha para a tela de Weingärtner, pode-se encontrar uma novidade. Ela sugere ainda, olhar os quadros com uma lupa, já que o pintor era extremamente detalhista. "Podemos entrar na tela e mergulhar na história que está sendo contada, na memória que está sendo guardada".

As cenas gaúchas são todas quase do campo. Weingartner gostava de pintar costumes típicos, como a lida do campo, bailes do interior e os gaúchos chimarreando. O quadro Kerb mostra uma tradicional festa de colonizadores alemães. Uma grande quantidade de pessoas aparece nessa pintura, entre eles um grupo de imigrantes bem vestidos, uma jovem senhora com vestido estampado, chapéu, leque e luvas delicadamente pousadas no seu colo. O homem que está sentado atrás dela, provavelmente seu marido, usa botas com esporas. As crianças sentadas no chão podem ser seus filhos, usam vestidos rodados de alegre estampa e finos sapatos. Do lado de fora da casa, olhando pela janela, estão duas crianças espiando a babá. A festa está decorada com guirlandas de flores.



MARGS
Pedro Weingärtner – 1853-1929 – Um artista entre o Velho e o Novo Mundo
De 13 de abril a 13 de junho
Pinacotecas do Museu - Praça da Alfândega, s/n° - Centro
Entrada Franca






** Matéria publicada no site Universo IPA

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Possíveis caminhos do leitor

Possíveis caminhos do leitor:
Link como ferramenta de comunicação
.

Manoela Rysdyk
Centro Universitário IPA
Dezembro de 2009




Resumo
Quando se usa uma ferramenta hipertextual, procura-se caminhos para mais informação. Diversos meios são pensados para o leitor deleitar-se. Se o acesso está disponível espera-se funcionalidade. Quando isso não acontece pode estar havendo uma crise de mediocridade da era digital. O autor fingindo que faz, e o leitor por sua vez fingindo que usa. O uso adequado do link, para o jornalismo representa uma grande oportunidade para ambos os lados. O jornalista tem nas mãos uma ferramenta com potencial muito grande em termos de informação.

Palavras chave
Hipertexto – link – jornalismo – informação - portal

O jornalismo digital é um assunto novo que traz a internet como ferramenta de trabalho. Essa nova mídia proporciona muitos recursos para uma nova linguagem. O hipertexto e os links fazem parte dessa nova gama de utilitários digitais.

Autores como Pollyana Ferrari e João Canavilhas falam da potencialidade do uso dos links dentro do texto jornalístico. Ainda apresentam definições que demonstram como o link pode tornar o texto mais atrativo. O leitor tem nas mãos a possibilidade de fazer o seu caminho na leitura. Um bloco de diferentes informações digitais interconectadas é um hipertexto, que, ao utilizar nós ou elos associativos (os chamados links), consegue moldar a rede hipertextual, permitindo que o leitor decida e avance sua leitura do modo que quiser, sem ser obrigado a seguir uma ordem linear ( Ferrari, 2006). Outra definição levantada é que o hipertexto é um conceito fundamental em toda investigação desenvolvida no campo do jornalismo que se faz na Web ( Canavilhas, 2000).
Para o jornalismo o uso adequado dos links requer muito mais atenção na redações on-line no que diz respeito à produção de texto. Uma nova linguagem precisa ser digerida por parte dos usuários e principalmente por parte do profissional.
Tudo isso é muito novo e estamos engatinhando pelo mundo digital. Não podemos encarar a internet como uma mídia que surgiu para viabilizar a convergência entre rádio, jornal e televisão. A internet é outra coisa, uma verdade e consequentemente uma outra mídia, com particularidades únicas. Ainda estamos, metaforicamente, saindo da caverna (Ferrari,2006) .
Dentro desse pensamento mais usual, onde o leitor tem a possibilidade de criar seu próprio caminho. O autor Alex Primo fala sobre uma rede hipertextual predisposta onde qualquer internauta pode ser o co-autor em uma página com diversos links e trajetórias. Porém, a possibilidade de intervir no conteúdo, de sugerir novos links e abrir novos caminhos ainda não está disponível no site. Ou seja, quer-se tratar de autoria não apenas no que troca a leitura ou escolha entre alternativas pré configuradas, mas fundamentalmente no que se refere à própria redação hipertextual (Primo, Hipertexto Cooperativo). O autor fala ainda do hipertexto potencial onde
No hipertexto potencial os caminhos e movimentos possíveis do internauta encontram previstos. Assim, apenas o internauta se modifica, permanecendo o hipertexto com sua redação original (Primo, 2006)
O hipertexto potencial que Primo desenvolveu como tipologia, parece se encaixar na proposta desse trabalho. Pois, em uma matéria onde apresenta links, o leitorr é conduzido a outras páginas e não pode modificá-lo.

Jornalismo Online

O portal Folha OnLine é a versão para Web do jornal Folha de São Paulo e está ligado ao provedor UOL. Uma equipe de aproximadamente vinte pessoas trabalharam para construir o Universo Online, em 1986. Naquela época as informações e até o acesso ao mundo virtual não era como hoje. Foi difícil até conseguir profissionais para fazerem parte do grupo. Hoje a história é outra, são mais de mil pessoas trabalhando no provedor.
A versão apresenta matérias, artigos e notícias separadas por assuntos. No alto da página principal o leitor encontra em destaque palavras que o levam para as notícias, especial, serviço, galeria, erramos, colunas, fale conosco, atendimento ao cliente, grupo folha e assine folha. Cada uma dessas palavras leva o leitor a outras páginas ou ainda, a sub-sessões com assuntos correspondentes. A primeira delas, notícias, mostra logo abaixo do botão uma série de links para outras editorias, que são respectivamente as seguintes: em cima da hora, ambiente, bichos, Brasil, ciência e saúde, comida, cotidiano, dinheiro, educação, equilíbrio, esporte, ilustrada, informática, mundo e turismo. Essas editorias são fixas e levam a páginas com matérias nem sempre do dia, mas a de destaque é sempre a mais atualizada. Voltando a página principal do portal, percebemos que existem um grande número de links, fotos e desenhos que chamam o leitor para um texto. Além disso, um número alto de anúncios o que deixa a página poluída para os olhos.
Pesquisando as matérias principais do site folha Online (www.folhaonline.com.br) nos turnos manhã e tarde, do dia 13 de outubro de 2009, foi constatado que a grande maioria das matérias não utiliza links para outras páginas do site. Depois de passar por nove matérias, sendo elas da página principal do site e da parte “outras notícias sobre o assunto”, não foram encontrados links. Na página dedicada à editoria Dinheiro, foi encontrada uma matéria que apresentou dois links que ligava a outras matérias dentro do site. Por isso, a pesquisa foi realizada na sessão Notícia/Dinheiro.
Em todo caminho que se segue pelo internauta nem sempre uma nova notícia é encontrada, ou uma explicação do assunto. Os caminhos ficam a mostra e revela-se uma seqüência de possíveis caminhos a serem seguidos. A estrutura da rede hipertextual, dá ao internauta essa opção de navegação. Porém, mesmo podendo optar pelo seu trajeto dentro do portal, ele fica limitado pelas sequencias permitidas. Até porque, as opções são limitadas, na medida em que ao clicar o internauta anda em círculo, pois os assuntos relacionados e publicados se repetem nos links. A interatividade que se fala muito nos dias de hoje, não acontece nesse caso.
Alguém, ao observar o computador reagir com um nova informação após seu clique em um link, pode supor que a máquina esteja “dialogando” com ele. Entretanto, nem o hardware nem o software possuem intencionalidade intrínseca. Se o diálogo humano não é uma relação automática, nem previsível, porque então supor que toda e qualquer utilização do computador seja comparada a um diálogo ou uma conversação? No contexto científico em que a precisão conceitual é esperada, definições “como-se” prestam um papel apenas introdutório, já que a metáfora caduca logo ali onde se encontra um olhar mais crítico ( Primo, 2006).

A metodologia privilegiou instrumentos qualitativos (observação e análise do site Folha OnLine). Durante três dias consecutivos do mês de outubro de 2009, nos turnos manhã e tarde foram analisados os textos do portal Folha OnLine. A editoria utilizada foi a Dinheiro, pois as observadas na página principal do site, não apresentavam links.
A era digital está aí para quem quiser acessar. A rede nos trás uma infinidade de possibilidades e caminhos. Pode-se emaranhar-se no mundo digital. Ainda mais, se onde se navega está o desconhecido. O desenho de sistemas hiprtextuais obriga os autores a gerir uma complexa rede de textos e links que permitem uma infinidade de diferentes arquiteturas (Theng et al, 1996). Blocos de notícias, fotos, matéria ou comentários podem ser construídas de diferentes modos. Assim, o leitor que preferir pode aprofundar seus conhecimentos em determinados temas. Durante a análise, o que se usou para a construção do caminho do leitor, foi sem dúvida, um caminho simples, sem muitas curvas. Por um outro lado, se fosse usado a ferramenta com todo o seu potencial, o leitor poderia ficar atrapalhado. Segundo estudos relacionados com a utilização de hipertextos (Batra et al 1993; Hammond, 1989; Marco,2003) um dos problemas mais apontados é a possibilidade de que este tipo de conteúdo possa gerar a sensação de desorientação nos utilizadores.

Um novo jornalismo

A pesquisa foi realizada com intuito de identificar links dentro de matérias do portal Folha Online. Por motivos já citados, não foi possível realizar a pesquisa na página principal. Mesmo na editoria utilizada, dificuldades para encontrar tais links foram muito grandes. Teoricamente, uma notícia constituída por uma rede de textos ligados através de links tem enormes potencialidades. Desde logo liberta o leitor, oferecendo-lhe a possibilidade de escolher a forma como pretende efetuar a leitura. Depois, porque oferece mais informação e contexto, permitindo ao leitor aprofundar o assunto de acordo com as suas pretensões ( Canavilhas, 2000).
Claramente percebemos que a ferramenta, neste caso, não está sendo usada com toda sua potencialidade. Assim, o leitor não tem a possibilidade de criar o seu caminho e nem, a possibilidade de escolher a forma que pretende efetuar a leitura. Pensar o ciberjornalismo como uma nova linguagem e entender a importância dos mecanismos disponíveis, pode ser o grande aliado dos portais que oferecem informação.
A internet ainda está em gestação, a caminho de uma linguagem própria. Para produzir material para Web um jornalista usa meios diferentes de quem escreve para um impresso, por exemplo. Para chamar seu leitor usa-se vídeos, fotos, áudios dentro de uma mesma matéria. A autora Pollyana Ferrari expõe:
A internet é outra coisa, uma outra verdade e consequentemente uma outra mídia, muito ligada à tecnologia e com particularidades únicas. Ainda estamos metaforicamente saindo da caverna (Pollyana Ferrari, 2006).
Usando a ferramenta link pode-se unir em um mesmo assunto várias maneiras de apresentar a notícia. O mais importante de tudo é oferecer informação qualificada. Então, porque não usar e abusar dessa ferramenta? Porém, é preciso faze-la com qualidade.
Achar que o mais importante é oferecer as últimas notícias o mais rápido possível é um grande equívoco do meios. Os leitores raramente percebem quem foi o primeiro a dar a notícia – e, a verdade, nem se importam com isso. Uma notícia superficial, incompleta ou descontextualizada causa péssima impressão. É sempre melhor colocá-la no ar com qualidade, ainda que dez minutos depois dos concorrentes (Pollyana Ferrari,2006)

Conclusões Temporárias

A Web vem tomando espaço importante na vida dos leitores. Há quem leia tudo via internet hoje em dia. Fazer um novo jornalismo é preciso. O principal é fazer com qualidade. Entender as ferramentas disponíveis para isso, é fundamental. O veículo digital tem sede de novidades em tempo real. O leitor quer tudo isso traduzido em poucas palavras. Ao contrário do que acontece no site analisado, a utilização de links deve ser produzido com cuidado. Pois, se por um lado pode causar desorientação com muitos assuntos envolvidos, pode também causar uma falsa sensação de interatividade. O link deve contemplar o leitor mais exigente com informações aprofundadas.

Bibliografia

Canavilhas,João [ 2000 ?]. Hipertexto e recepção de notícia online. (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Ferrari, Pollyana (2006). Jornalismo digital. São Paulo: Contexto.
PRIMO, Alex Fernando Teixeira; RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto Cooperativo: Uma Análise da Escrita Coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia. Revista da FAMECOS, n. 23, p. 54-63, Dez. 2003 2003.
PRIMO, Alex. Quão interativo é o hipertexto? : Da interface potencial à escrita coletiva. Fronteiras: Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v. 5, n. 2, p. 125-142, 2003

sábado, 24 de outubro de 2009

Sentimentos aflorados e tecnologias

A mostra “Zona Livre 4” contou com a exibição de três filmes: Haze, Influenza e Vibroboy. Na saída da sessão, Bruno Viana começava a Hora Extra com sua engrenagem cinematográfica.
Os filmes exibidos na sessão das 17 horas da Usina do Gasômetro de quarta-feira (21) são produções do Japão, Coréia do Sul e França.

Haze foi o primeiro da lista e contagiou o público com a sua agonia. Na tentativa de sair de um suposto labirinto onde era quase impossível mover-se, o ator depara com obstáculos torturantes. Claustrofóbico e agonizante.

Influenza usa câmeras de segurança da Coréia do Sul para mostrar o que antecedeu com um homem que tenta pular da ponte do Rio Han. Ele passa por banheiro, metrô, lixo, caixas eletrônicos e estacionamento sempre aplicando truques na tentativa de se dar bem. Quando entra no banco com a sua companheira, ambos armados para supostamente assaltar, são presenteados com dinheiro por ser o cliente número 1000 da agência.

O francês Vibroboy mostra o travesti francesca que presenteia sua vizinha de trailer, Brigittie, com uma estátua asteca. Leon, que não consegue controlar seus atos de euforia, raiva e ciúmes, quebra sem querer a estátua de onde sai outro aparato, uma espécie de vibrador asteca. Enlouquecido ele morre e ressurge como Vibroboy com sua arma vibratória. A sessão passou do nítido desconforto da plateia em suas poltronas para risadas, porém ainda agonizante.

No lounge do CEN, o público comentava a sessão. Pedro Henrique, estudante de Análise de Sistemas, disse que o filme Vibroboy foi o que mais o agradou, devido ao ar undergound. Sobre o primeiro filme, o estudante comentou: “é envolvente, porém quando o ator começou a escutar vozes achei a narrativa desnecessária, pois já estava passando aquilo que a voz dizia”.
Já o Influenza foi engraçado e a montagem interessante, segundo o estudante. Bruna Dal Sasso, estudante, disse: “Quase vomitei. Todos os três filmes são agonizantes. Acho que foi por isso que reuniram todos na mesma sessão”. Alice Castil, estudante de Cinema viveu uma contradição: “ Eu queria sair do cinema e ao mesmo tempo saber como ia acabar”.

Os comentários foram contidos, pois já estava começando o Hora Extra, com Bruno Vianna, que demonstrou como funciona a interface onde ele decidi qual cena vai para tela grande. A edição é feita na hora, as cenas são representadas por pontos luminosos projetados da tela. Com os dedos, Vianna monta o filme e ainda é possível manipular o plano das sequências que serão usadas .
O público ficou curioso com a tecnologia levada por Vianna. Carla Silva, estudante, disse: “desperta o lado lúdico, só não sei se tanta tecnologia pega”. O diretor vai exibir o filme Ressaca amanhã, às 21 horas, na sala P.F. Gastal, com reprise sábado (24), às 17 horas, no Santander Cultural.

** Texto publicado nos sites: Universo IPA e CineEsquemaNovo

Zona Livre e Hora Extra

A mostra Cine en Construcion, de quinta-feira (22), no Santander Cultural, exibiu La sombra del Caminante de Ciro Guerra. Logo depois foi a vez do longa Praia do Futuro, uma produção coletiva.

La Sombra Del Caminante mostra a história de dois homens marcados pelo passado. Um deles é Mañe, que mora em um quarto de pensão dem Bogotá. Sem dinheiro, desemprego, aleijado e com traumas ele tenta arrumar um trabalho. Nas idas e vindas ao centro da cidade, ao ser atacado por um grupo de meninos, ele recebe ajuda. Quando acorda está em um barraco. Quem o ajudou foi um homem que também tem a vida marcada por traumas. O homem carrega gente em uma cadeira adaptada nas suas costas por uma bagatela de 500 pesos. Os dois começam uma amizade rodeada de desconfiança. Um ajuda o outro. Mas, o mistério e as memórias do passado são mais fortes. No primeiro momento, o passado sofrido os une. No decorrer da trama, conforme vão se conhecendo, suas vidas se entrelaçam. O homem desconhecido que ajudou Mañe, na realidade, não era um total estranho.

Para a estudante Maria Laura, o filme passou o sentimento de muita gente que vive nas marge
ns da sociedade. “Escuro e trágico, muito bom”, completou a estudante.

O cenário é o mesmo, a Praia do Futuro, mas a visão é diferente. Vários diretores, sentimentos, lembranças de uma parte muito conhecida de Fortaleza. No total são 15 episódios que formam o filme. Em um bate-papo depois da exibição, os diretores Guto Parente e Fred Bevides apontaram alguns fatores da produção.

A ideia é de grupo multifacetado e por isso a percepção de unidade já nasce impossibilitada. “O filme sempre foi pensado no plural e errôneo. Foi um aprender a tolerar e aprender com as diferenças”, ressalta Fred Bevides. A produção interfere na cidade projetada e a urbanização faz parte disso. “Lá, ou você é muito rico ou muito pobre”, completa.

Guto Parente dirigiu e atuou no primeiro episódio, o qual retrata a ida de uma família à praia. A filha do casal brinca no banco de trás do carro até chegarem ao local. A expectativa é grande, ela quer muito chegar à Praia do Futuro. Enfim, quando lá chega, ela corre para brincar em uma piscina de um quiosque que fica na praia. O diretor fala que cresceu indo à praia com seu pai e que hoje o local é diferente: “existem essas barracas com piscina, para os pais é muito cômodo e para a menina ir à praia, é ir para piscina”. Guto afirmou que vários episódios têm uma questão de incômodo, que podem estar nas entrelinhas. “Essa é uma forma da praia que me incomoda, por exemplo”.

A mostra de longas metragens do festival tem seu último filme apresentado hoje, com reprise amanhã. O encerramento do CEN ocorre na Usina do Gasômetro, às 22 horas.

** Texto publicado nos sites: Universo IPA e CinEsquemaNovo

quarta-feira, 21 de outubro de 2009




Rock e Cinema Marginal na Usina do Gasômetro
A tarde de domingo foi do Cinema Marginal Brasileiro na Usina do Gasômetro. A sessão foi dedicada ao diretor Andrea Tonacci: o conteúdo vem da excelente Coleção Cinema Marginal Brasileiro, um novo projeto que vai lançar 12 DVDs com obras clássicas e muitos extras desta linguagem cinematográfica. Tonacci já teve seu longa “Serras da Desordem” exibido fora de competição em edições passadas do CEN, além de ter sido parte do júri oficial do festival.
A função começou com os extras: a palestra em vídeo de Ismail Xavier e o trailer de “Bang-Bang”, para depois coroar o público com os clássicos “Olho por Olho” e “Blablablá”. Após os filmes, a Hora Extra do CEN (momento entre as sessões para shows, performances e exposiçõies) contou com a música de Matheus Walter, que encheu de estilo a Usina do Gasômetro.
A palestra em vídeo de Ismael Xavier teve como tema o filme “Bang Bang” . O professor comenta que a obra de Tonacci trabalha a ruptura das convenções com os instrumentos tradicionais de um cineasta, como enquadramento, som e foco. O “dodumentário” é interessante pela tensão que guarda dentro dele: um momento característico é a cena do banheiro, onde o enquadramento mostra o espelho, a máquina, o macaco, mas não mostra a equipe deixando um ponto de interrogação. O trailer exibido só deixou um gostinho de quero mais, saciado com a exibição do curta “Blablablá” e de “Olho por Olho”, ambos com a direção de Andrea Tonacci.
Um programa de televisão e um governante dando explicações sobre o seu governo, mesclado com cenas de revolução e tudo que engloba o tema guerra e paz, é o que mostra o cultuado curta de Tonacci. O protagonista transforma as palavras em emoção, suor, tensão e exaltação. Passa um ar de vencedor para vencido. Tudo controlado pelo relógio, em uma luta vã para usar a mídia como substituta da realidade política de um país. Já “Olho por Olho” retrata o vazio que invade a vida de um grupo de amigos. A trama acontece quase toda dentro de um carro, com o rádio ligado, rodando por São Paulo à procura de algo para fazer. A relação com filmes como “Acossado” e “Os Cafajestes”, de Ruy Guerra (também já homenageado no CEN), contemporâneos da produção de Tonacci, é explícita. O carro anda para lugar nenhum. Uma amiga entra em cena e é ela quem busca alguma coisa. Ela atrai um homem, que serve de válvula de escape para os anseios dos jovens em fazer alguma coisa. Um filme altamente contemporâneo, urbano e ainda relevante, que termina com uma câmera reticente à procura de algo.
Depois da sessão, o público pôde conferir o show de Matheus Walter. A sonoridade meio retro de Walter, autor de diversas trilhas do CEN,deu o tom do final de tarde. O músico também está participando do festival como cineasta, com o filme “Tri Massa – Porto Alegre na Choque”.
O estudante de publicidade Eduardo Stelmack disse que o show “foi bacana, porque tem a ver com o ar alternativo do festival”. Sobre os filmes, ele comentou sobre o estranho prazer do ócio exibido por “Olho no Olho”.
A semana promete com a programação do festival. Só não esqueça de desligar o celular durante a sessão!

Manoela Rysdyk
**texto publicado no site do CEN